Desde muito novo meu objetivo era ter meu próprio negócio, ser empreendedor e empresário. Antes de abrir o meu primeiro negócio em 2011, tive experiências de ser sócios de projetos de outras empresas porém eu queria algo que fosse meu, que eu pudesse executar a minha visão de negócios e quando isso aconteceu foi muito empolgante.Era o meu sonho, e ao abrir minha empresa, eu o estava vivendo. Todo o meu sentimento de auto valorização vinha do fato de eu ser empresário e ter conseguido abrir um negócio, ter encarado este desafio e a sensação era incrível. Se alguém me perguntasse o que eu fazia, eu fazia a maior questão e satisfação de responder com o peito estufado ” Sou empresário”. O que eu fazia era como eu me definia e a sensação era muito boa.
Como qualquer empreendedor sabe, começar um negócio, principalmente no Brasil, trata-se de uma corrida fantástica.Segundo pesquisas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), cinco anos após serem criadas, pouco mais de 60% das empresas já fecharam as portas. Estatísticas um tanto desanimadoras. Mas para quem se define como empresário, com espírito empreendedor e competitivo, essa probabilidade de fracasso não é intimidante, muito pelo contrário apenas acrescenta mais lenha na fogueira.
Depois do primeiro ano de operação, um ano difícil e de muita luta, eu comemorei, e comemorei muito. Eu não tinha saído do game. Em um ano de negócio, já tinha conquistado algumas contas e realizados poucos projetos mas eu estava vencendo estatísticas. Estava vivendo o meu sonho.
Passaram-se dois anos, três anos, então cinco anos se passaram. Meu negócio começou a crescer e dar ótimos resultados, mas sinceramente não estou certo de como consegui, pois nunca cheguei a implantar bons sistemas de gestão e processos internos operacionais. Empresa pequena e em fase de crescimento, sabe como é …é muito trabalho e foco em captar negócios para fazer dinheiro para pagar contas e colocar o capital pra girar…Mas mesmo assim , mais uma vez eu tinha vencido as estatísticas.Eu realizei um dos meus objetivos e isso era tudo que importava. Agora eu era orgulhoso, membro de um pequeno e seleto grupo de pessoas que era dono de um pequeno negócio no Brasil e não tinha quebrado nos primeiros cinco anos.
O ano seguinte se mostraria muito diferente. A novidade de ser um empresário já se esgotara. Eu já não estufava mais o peito para dizer que era empresário. Quando me perguntavam o que eu fazia, agora eu dizia que era ” ações de marketing e eventos corporativos”. Era muito menos emocionante e sem dúvida não parecia uma grande corrida em busca do pote de ouro…Não era mais a perseguição apaixonante de algo, era apenas um negócio. E a realidade é que o negócio não parecia estar muito “cor de rosa”.
Eu tinha uma cartela de clientes fieis e ótimos clientes, mas nunca fui um enorme sucesso. Dava para viver muito bem, pagar contas, curti um pouco com a família, mas não muito mais que isso. Eu tinha alguns clientes no Guia das Melhores empresas para se trabalhar no Brasil e também membros da lista das 500 maiores empresas do Brasil, eu fazia um bom trabalho. Eu estava certo do que fazia. Da mesma forma que todos os outros naquele jogo, eu tentava convencer um cliente potencial de como eu fazia, como era o melhor, como minha maneira de fazer era única…e essa era a parte difícil. A verdade é que depois de um tempo percebi que venci os prognósticos por causa da minha energia, não da minha perspicácia nos negócios, mas eu não tinha energia para sustentar esta estratégia pelo resto da vida. Estava consciente o bastante para saber que précisava de sistemas e processos melhores já que era para o negócio se sustentar sozinho. Negócio não pode depender de uma pessoa só.
No início do ano de 2017, eu estava incrivelmente desmotivado. Do ponto de vista racional, eu era capaz de te dizer o que precisava fazer, mas simplesmente não conseguia agir,eu estava meio deprimido. Toda minha vida eu tinha sido um cara de bem com a vida e feliz, e assim, estar infeliz era muito ruim. Mas isso era pior. A minha “crise interna “, me fez ficar paranoico. Estava convencido de que ia ficar sem negócio. Estava convencido de que eu ia ser despejado do meu apartamento. Tinha certeza de que todos os que trabalhavam para mim não gostavam de mim e que meus clientes sabiam que eu era uma fraude. Achava que todas as pessoas que eu conhecia eram mais inteligentes do que eu. Achava todas as pessoas melhores do que eu. Algo muito louco…a cabeça da gente as vezes pode jogar contra nós mesmos….Entrei numa fase de muitos pontos negativos na vida profissional e não conseguia conquistar nenhum cliente.E naquele momento, toda a energia que me restava para sustentar o negócio agora era canalizada para me escorar e fingir que estava me saindo bem.
Para que as coisas mudassem, eu sabia que eu precisava aprender a implementar mais estrutura, antes que tudo desmoronasse. Assisti a palestras, li muitos livros de desenvolvimento pessoal, auto ajuda e negócios,me reciclei, conversei muito com minha esposa ( grande apoiadora e companheira em todos os momentos), pedi a amigos bem sucedidos conselhos de como fazer algo para virar o jogo da minha empresa. Foram todos bons conselhos, mas eu não conseguia ouvi-los. Não importava o que me diziam, tudo o que eu conseguia ouvir era que estava fazendo tudo errado. Tentar resolver o problema não me fazia me sentir melhor, pelo contrário. Eu me sentia desamparado. Comecei a ter pensamentos desesperados, o que para um empresário é pior do que suicídio: pensei em arranjar um emprego. Qualquer coisa. Qualquer coisa que fizesse cessar a sensação de colapso que eu tinha quase todo dia.
Ao tentar compreender por que um determinado negócio e planos que davam certo e outros não, eu encontrei algo muito mais profundo, descobri que o meu problema não era eu não saber o que fazer ou como fazer o meu negócio melhorar e voltar a crescer, o meu problema era que eu tinha esquecido o meu verdadeiro porque, o meu propósito. Eu havia passado por algo que hoje tenho consciência de que foi uma ruptura, eu percebi naquele momento que eu precisava redescobrir o meu porque. Buscar ferramentas que me possibilitassem trabalhar com o meu verdadeiro porque.
Naquele momento eu não era a pessoa mais boba do que era quando comecei o meu negócio, na realidade provavelmente era o contrário. Eu havia perdido perspectiva. Sabia o que estava fazendo, mas tinha esquecido do meu porque. Há uma diferença entre correr com o coração a todo gás e com os olhos fechados e correr com o coração a todo gás e com os olhos bem abertos. Durante muitos anos meu coração pulsou forte, mas meus olhos estavam fechados. Eu tinha paixão e energia, mas carecia de foco e direção.
Fiquei obcecado pelo conceito do propósito. A ideia me absorvia por completo. Eu só falava nisso. Comentava com minha esposa: eu preciso trabalhar com diversos negócios que tenham a ver com o meu propósito, algo que seja maior do que eu… algo que eu possa ajudar as pessoas a se desenvolver como pessoa e profissionalmente… Quando fui puxar um retrospecto na minha vida pessoal, profissional, eu entendi que, eu sempre fui a pessoa a apoiar os outros a acreditar que poderiam fazer tudo o que quisessem. Não importava se estava fazendo isso pelo meu negócio ou pelo lado pessoal. Quando era na empresa, eu não me importava, qual o tipo de cliente que eu estava atendendo, se era uma pequena,média ou grande empresa. Eu estava ali para inspirar as pessoas a realizar seus sonhos, a fazer coisas que as deixam felizes, para que juntos , pudéssemos tornar o mundo ainda melhor. Este é o caminho ao qual eu dedico a minha vida e meu trabalho hoje.
Eu superei a crise, minha empresa passou por grandes transformações, mudou de nome, voltou a crescer e hoje está em outro patamar, ainda neste tempo tomei a decisão de iniciar em outros projetos fantásticos e que me permitem ajudar as pessoas a se desenvolver e realizar os seus sonhos através do empreendedorismo. Sou a mesma pessoa. Sei as mesmas coisas que sabia antes. A única e principal diferença é que eu hoje vivo e trabalho pelo meu propósito. Eu dei a ” virada de chave”.
E você, fala para mim, você já virou a sua chave?